Uma questão de gosto

Todos os dias acordo e me confronto com meu estilo punk. Desde que deixei de usar cabelo comprido, creio que este fosse o estilo hippie, nunca mais utilizei nada além das mãos para ajustar o penteado. Acordo, olho no espelho, e lá está, um tímido moicano que só se desmancha no passo seguinte, o banho. Uma pequena exposição de privacidade para demonstrar aquilo que realmente somos: personalidade. Pois é, para muitos, temos uma personalidade forte. Mas para mim, somos! E no plural mesmo. Somos personalidade, desempenhamos personalidade, absorvemos personalidade e creio que também herdemos personalidade. Essa pluralidade de preferências e estilos nos cercam. E das formas mais variadas e surpreendentes. Sendo esta última, a mais fascinante, pois, até mesmo por uma questão cultural, fazemos um julgamento prévio sobre a personalidade, que por ventura se apresente de alguma forma que não esteja "dentro dos padrões". Acabamos não entrando na loja só porque não gostamos do que tinha na vitrina! Não damos a chance do vendedor apresentar aquela peça especial que está guardada logo alí, numa das primeiras prateleiras. Entremos loja a dentro! Vasculhemos cada cantinho, por mais que o acesso seja difícil. Daqui uns dias, já estaremos encontrando de olhos fechados. É uma questão de tempo. O meu medo é que esse tempo sirva para afastar ainda mais as diferenças que só existem na fachada.